O movimento paredista dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, iniciado em novembro de 2024, escancarou uma dura realidade: o total descaso do Governo Federal com uma das mais estratégicas carreiras do Estado brasileiro. Há mais de seis meses, os Auditores estão em luta por um reajuste justo e coerente com a importância de suas atribuições e com os acordos firmados pelo próprio Governo com outras carreiras típicas de Estado.
Em vez de diálogo, o que se viu foi silêncio. Em vez de respeito, omissão. Em vez de proposta concreta, generalidades. E quando finalmente houve uma proposta — em 22 de maio de 2025 — ela foi não apenas insatisfatória, como também discriminatória. A tentativa de restringir o reajuste ao topo da carreira e de impor tetos artificiais ao somatório da remuneração mostra que o Governo quer dividir a categoria, desconsiderando a complexidade da função exercida por todos os Auditores.
A resposta foi clara: 95,8% da categoria rejeitou a proposta em assembleia nacional. Ainda assim, o Ministério da Gestão e da Inovação insiste em tratá-la como definitiva, ignorando a insatisfação massiva e a continuidade da greve.
Como se não bastasse, a atitude do secretário da RFB, Robinson Barreirinhas, de acionar judicialmente os grevistas é um sinal preocupante da falta de vontade política para o entendimento. Judicializar a greve é um erro crasso, um verdadeiro tiro no pé. Porque não há instituição forte sem servidores respeitados e valorizados. Não há Receita Federal eficaz com um corpo funcional desmotivado e desconfiado de sua liderança.
A ANFIP reitera: a negociação do Bônus de Eficiência foi concluída em fevereiro de 2024; o que está em pauta agora é o vencimento básico — e não aceitaremos que o Governo manipule os termos do debate para justificar sua intransigência.
Chega de retórica. É hora de reconhecer o papel vital dos Auditores-Fiscais no financiamento do Estado brasileiro. É hora de respeitar quem detém, por competência constitucional, a responsabilidade de arrecadar, cobrar e fiscalizar os recursos que sustentam a máquina pública — com trabalho técnico, ético e comprometido.
Com a intransigência do Governo – Perde a Receita! Perde o Brasil! Mas ainda há tempo de mudar essa rota.
A ANFIP clama por respeito, diálogo verdadeiro e compromisso com a valorização da nossa categoria.
Estamos de pé. Estamos em luta. E seguimos juntos!