Pandemia e perspectivas para a economia em 2021 são discutidas na Live Série ANFIP

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A ANFIP realizou nesta quarta-feira (9/12) a última Live – Série ANFIP de 2020. Nesta edição, o tema discutido foi “Pandemia e Perspectiva da Economia para 2021”, com a participação de especialistas da saúde e da economia. O presidente Décio Bruno Lopes e o vice-presidente de Assuntos Assistenciais, Ariovaldo Cirelo, representaram a Entidade.

Participaram como painelistas o médico e diretor de Mercado da Unimed Vitória, Gustavo Peixoto Soares Miguel; o médico, mestre em Saúde Pública e ex-ministro da Saúde, José Saraiva Felipe; a médica coordenadora do Serviço de Controle de Infecção do Hospital do Coração (HCor-SP), Maria Daniela Di Dea Bergamasco; e o economista Raul Velloso.

Para a ANFIP, a pandemia de covid-19 e os impactos gerados na economia são temas de interesse geral do Estado, e de todo cidadão brasileiro. “A doença é avassaladora, e o Estado nos seus três níveis de União, estados, Distrito Federal e municípios não estão preparados para uma onda mais forte”, afirmou Décio Lopes ao abrir o debate. Segundo ele, além da crise sanitária, também afetam os cidadãos as disputas políticas e ideológicas.  “Na verdade, tudo isso traz dificuldade e insegurança para a população de maneira geral”, lamentou.

Ariovaldo Cirelo, vice-presidente de Assuntos Assistenciais da ANFIP, comparou os cenários nacional e internacional, esclarecendo mitos e verdades disseminados e trazendo a público informações importantes sobre a retomada da economia e da rotina social no país. Aproveitando a presença dos especialistas, o conselheiro solicitou um panorama geral sobre a situação pandêmica nacional, com detalhes atualizados sobre a corrida pela vacinação, considerando seus aspectos técnicos, políticos e socioeconômicos; além de pedir recomendações, abordagem de riscos e previsão de disponibilidade para que seja finalmente realizada a imunização da população brasileira.

Tratando da perspectiva técnica da saúde, a infectologista Maria Daniela Bergamasco afirma que precisamos estar preparados para continuar convivendo com o vírus por alguns meses, considerando a possibilidade de mutação genética e o retorno da atividade comercial no país. A especialista ressaltou, ainda, a necessidade de se manter atento às medidas básicas de prevenção, sobretudo nas confraternizações de fim de ano.

“Nenhuma medida de prevenção isoladamente é perfeita, mas quando colocadas todas sequencialmente juntas, vão contribuindo para que se reduza a transmissão a níveis mais baixos; o que é realmente fundamental. Do ponto de vista médico, até que nós tenhamos uma população mais imunizada, ainda podem acontecer os eventuais aumentos de casos”, alertou a médica, destacando que a vacinação é fundamental para o controle de reincidências e para a contenção da pandemia.

Para o ex-ministro da Saúde, Saraiva Felipe, é indiscutível a importância do Sistema Único de Saúde (SUS), que tem sido respeitado, valorizado e reconhecido mundo afora pelo brilhante serviço prestado à população neste período. Em sua exposição, criticou a falta de um plano objetivo e concreto de apoio ao povo, aos estados e ao país por parte dos dirigentes, afirmando a necessidade de um comando central não negacionista que opte por uma articulação nacional que envolva união de forças e inteligência econômica.

Como parte da solução, ele afirma que, diante da situação excepcional de guerra, os gastos emergenciais em função da calamidade sanitária terão que ser estendidos. E completou: “para que tenhamos eficácia real em termos de imunização ativa das pessoas, com repercussão na queda de casos e na queda da mortalidade, temos que vacinar em torno de 75% da população”, dando prioridade à compra de vacinas efetivas, independentemente de suas origens. Como médico, ele prevê a persistência do problema até o ano de 2022.

Em sequência, o diretor de mercado da Unimed Vitória, Gustavo Miguel, apresentou um panorama do início do contágio no Brasil.  Em sua exposição, destacou ainda que o cenário fez com que o setor de saúde suplementar utilizasse tudo que tinha para que pudesse atender os pacientes com a doença, postergando uma série de tratamentos, cirurgias e intervenções, de forma que muitos outros problemas de saúde deixaram de ser diagnosticados e tratados. O diretor alertou que os resultados de tais medidas poderão chegar no ano de 2022, havendo uma elevação inflacionária no setor de saúde pelo alto consumo. Porém, tranquilizou os usuários em relação ao próximo ano, que terá o reajuste baixo dentro da média do IPCA Saúde, índice que mede a variação de preços de mercado relacionados à cesta de serviços ligados à saúde.

Economia – O ponto de vista econômico foi apresentado pelo economista Raul Velloso, que afirma que o governo não aceitou, até o momento, que o país esteja vivendo uma situação emergencial que exige economia de guerra. “Eu não vejo outra forma de caracterizar.  As receitas são completamente diferentes; se os governantes querem manter as receitas da época de paz, óbvio que não dará certo. Nós não podemos extinguir o programa Auxílio Emergencial, custe o que custar, não devemos deixar os informais desamparados, senão as pessoas vão morrer nos hospitais e nas ruas por falta de condições de sobrevivência”, frisou.

Para o especialista, as duas estratégias mais importantes de combate aos impactos da pandemia são a execução de estratégias de economia de guerra e a vacinação em massa o mais rápido possível. “A economia no ano que vem vai cair se não fizermos isso, ela entrou já uma vez no buraco, subiu no último trimestre, mas já está começando a cair de novo. As pessoas não aguentam mais ficar confinadas, as vacinas estão aí é só agir”.

Décio Lopes encerrou o debate enfatizando que a ANFIP está atenta a todas essas situações econômicas e sociais e que no ano que vem, com certeza, a Live – Série trará mais questões e debates de interesse dos associados e da população de maneira geral.

Confira abaixo a íntegra deste importante debate ou clique aqui.