Mulher em versos (Vilson Antonio Romero)

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O Instituto Cultural Cravo Albin, referência nacional na guarda da memória da Música Popular Brasileira (MPB), existente junto á UFRJ desde 2001, elegeu há algum tempo as 12 maiores mulheres dessa MPB.

Estão neste grupo maravilhoso desde a precursora maior, Chiquinha Gonzaga, nascida Francisca Edwiges Neves Gonzaga, primeira pianista chorona (musicista de choro), autora da primeira marcha carnavalesca com letra (“Ó Abre Alas”, 1899) e, também, a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.

Elencadas a seguir, temos o registro e a saudação a estupendas mulheres cantoras e compositoras como Carmen Miranda, Aracy de Almeida, Dolores Duran, Elizeth Cardoso, Maysa, Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Inezita Barroso, Elis Regina, Clara Nunes e a “Abelha Rainha”, Maria Bethânia.

Nas novas gerações, dezenas ou talvez centenas de outras poderiam ser citadas, numa saudação especial à musicalidade e sensibilidade feminina. Sensibilidade esta retratada em inúmeras canções, compostas por seus eternos admiradores, os homens.

Pode ser Milton Nascimento e Fernando Brant, do Clube da Esquina, e sua Maria forte e empoderada: “Maria, Maria/ É um dom, uma certa magia,/ Uma força que nos alerta/ Uma mulher que merece viver e amar/Como outra qualquer do planeta (…)”.

A saudade e a saudação também estão presentes na parceria de sempre da Amélia de Mário Lago e Ataulfo Alves: “Ai meu Deus que saudade da Amélia/ Aquilo sim que era mulher/ As vezes passava fome ao meu lado/ E achava bonito não ter o que comer/ E quando me via contrariado dizia/ Meu filho o que se há de fazer/ Amélia não tinha a menor vaidade/ Amélia que era a mulher de verdade (…)”.

Não olvidemos de Chico Buarque e Augusto Boal, entoando a pleno as Mulheres de Atenas: “Mirem-se no exemplo/ Daquelas mulheres/ De Atenas!/ Temem por seus maridos/ Heróis e amantes/ De Atenas!…”.

Embora Amélias e “mulheres de Atenas” sejam registros de um tempo passado, muito machista quase sempre, as meninas do sexo forte assumem cada vez mais seu espaço no mundo, pelo empoderamento crescente, conquistado a duras penas.

Saudações aos seres aos quais devemos nossa existência. As mulheres cantadas e decantadas, sexo forte, poderoso. Mulheres que pariram o mundo. Feliz 8 de março.

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(*) auditor fiscal aposentado, jornalista.